A forma como as pessoas consomem informação passou por grandes mudanças nos últimos anos. Atualmente, recebemos notícias pelas mais diversas fontes e formatos e não só por veículos oficiais de comunicação, o que dá abertura para a difusão das tão faladas_ fake news_.
Mas afinal, o que são fake news? Na tradução literal, fake news significa notícias falsas. São informações que não representam a realidade, compartilhadas como se fossem verídicas. Elas manipulam os leitores ou telespectadores com o objetivo de criar opiniões distorcidas sobre alguém ou alguma situação e induzir a determinadas ações.
Aqui no Brasil, as fake news encontram terreno fértil para prosperar: segundo relatório da Avaaz (conheça aqui), somos a população que mais acredita em notícias falsas no mundo, sendo que 7 em cada 10 brasileiros se informam pelas redes sociais.
Ano de eleição, cuidado redobrado
Em momentos de crise, como épocas eleitorais, o compartilhamento de fake news se intensifica consideravelmente, em especial via redes sociais e aplicativos de mensagens como WhatsApp e Telegram. O principal objetivo é difamar a reputação de um candidato por meio de um conteúdo apelativo e polêmico. Como as pessoas estão mais dispostas a “vender” sua escolha, acabam deixando o senso crítico de lado e acreditando em tudo que desfavoreça o candidato da oposição. Aliado a isso, temos o fato de que a manipulação audiovisual está cada vez mais avançada, utilizando inteligência artificial para gerar as deepfakes: vídeos falsos super-realistas e cada vez mais convincentes.
Conheça os sete tipos de fake news mais comuns, segundo a jornalista Claire Wardle:
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Falsa conexão – é aquela matéria com um título bem apelativo (o chamado clickbait), mas que não tem nada a ver com o conteúdo da notícia. É criada para gerar curiosidade e levar visitantes para o site, mas engana facilmente quem lê apenas o título;
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Conteúdo enganoso – contém informações falsas, geralmente como estratégia de propaganda política;
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Falso contexto – quando a notícia é verdadeira, mas está sendo usada fora de seu contexto original. É o caso de matérias antigas divulgadas como se fossem recentes;
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Conteúdo impostor – usa um texto, frase ou citação como se tivesse sido dita por uma pessoa que realmente existe, mas que nunca deu aquela declaração;
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Conteúdo manipulado – é o texto ou vídeo criado com base em uma notícia verdadeira, mas cujo conteúdo é apresentado de forma deturpada, fazendo com que o público seja enganado facilmente. É um dos tipos de fake news mais difíceis de serem descobertos;
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Conteúdo fabricado – aquele conteúdo 100% falso, inventado do início ao fim com o objetivo de causar desinformação, provocar o mal e levar a opiniões perversas;
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Sátira ou paródia – são as notícias feitas por sites de comédia, com o objetivo de gerar risos. Não têm a intenção de enganar alguém, pois podem ser facilmente identificadas como falsas.
Seis maneiras de identificar fake news
Em meio a tanta informação, veja algumas dicas para checar se a notícia que você recebeu é confiável ou não.
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Mantenha o senso crítico Questione tudo que lê – a frase “se está na internet, é verdade” também é mentira. Muitas fake news são tão absurdamente exageradas e sem lógica que basta um pouco mais de senso crítico para não cair nessa. Também desconfie de algo escrito para provocar um efeito emocional intenso, como raiva ou medo; que pede urgência no compartilhamento ou mobilização; que exagera nas exclamações, adjetivos e palavras em letras maiúsculas; que possui erros de ortografia; com opiniões e títulos sensacionalistas; sem link para a fonte ou com o link “quebrado”; que menciona terceiros, mas não cita o nome (“especialista de Oxford”, “famoso médico”, “jurista renomado”); publicada em sites com nomes que tentam se passar por sites conhecidos.
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Cheque sempre a veracidade e a autoria da informação Procure as palavras-chave no Google e verifique se algum portal conhecido divulgou aquela notícia. É simples e efetivo – uma informação importante ou bombástica certamente estaria em outros sites de notícia. Mesmo quando vindo de pessoas confiáveis, é importante que a notícia tenha a fonte ou autoria. Também é válido checar o nome do especialista citado na matéria e, caso ele exista, se foi ele mesmo quem escreveu aquilo.
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Confira a data de publicação da notícia É comum o compartilhamento de notícias ou de fotos antigas como se fossem atuais – mesmo sendo verdadeira, ao ser divulgada fora do contexto original, a informação pode levar a equívocos sérios. Por isso, confira sempre a data.
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Leia o conteúdo até o fim Como já dissemos acima, muitas matérias apelam no título para levar visitantes ao site, mas, ao ler toda a informação, vemos que o conteúdo não condiz com o que imaginávamos. Mesmo não sendo mentira, o título é manipulado para dar a entender outra coisa para quem não lê.
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Confirme que não se trata de um site de piadas A ironia e a paródia são recursos muito usados por sites de humor, como o Sensacionalista. Conteúdos estranhos nem sempre são fake news, já que estes sites ou autores costumam deixar claro sua intenção de fazer graça.
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Não deixe que suas opiniões afetem o julgamento Concordar com uma fake news não faz dela uma verdade. Saiba diferenciar opiniões pessoais de fatos e não repasse o que não é real – convencer alguém de seu ponto de vista usando mentiras é desonesto.
Seis plataformas de checagem de fatos
Ao mesmo tempo em que a disseminação de fake news avança nas redes sociais, surgem agências de fact checking para analisá-las e desmascará-las. Conheça algumas delas.
Agência Lupa – criada em 2018 pelo jornal Folha de S. Paulo, foi a pioneira do fact checking no Brasil e segue como uma das principais. Acesse em piaui.folha.uol.com.br/lupa
Fato ou Fake – é uma iniciativa do Grupo Globo. A apuração é feita em conjunto por jornalistas da CBN, Época, Extra, G1, TV Globo, GloboNews, Jornal O Globo e Valor Econômico. Acesse em g1.globo.com/fato-ou-fake
Comprova – projeto formado por jornalistas de 20 veículos, incluindo Exame, Folha de S. Paulo, Band News, Estadão, Uol e Veja. Acesse em projetocomprova.com.br
Aos fatos – a agência de notícias faz parte do programa de checadores independentes do Facebook. Acesse em www.aosfatos.org
e-Farsas – lançado em 2001, por muitos anos foi o único serviço de verificação de notícias falsas do Brasil, desmistificando histórias de circulavam por e-mail e caixas de comentários. Acesse em ww.e-farsas.com
Boatos-org – criado em 2013 por um jornalista, também é “da velha guarda” dos sites de verificação de notícias populares na internet. Acesse em www.boatos.org
Recebeu uma fake news? Veja o que fazer.
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Antes de tudo, não compartilhe nenhuma informação até ter certeza de sua veracidade;
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Avise quem enviou a notícia a você de que se trata de uma fake news, se possível com o site que comprova o erro;
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Se recebeu ou visualizou o conteúdo pelo Facebook, Instragram ou Twitter, denuncie (isso geralmente é feito clicando nos três pontinhos no canto do post). Você também pode denunciar contas que propagam fake news;
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Se ficou em dúvida, sugira uma verificação – praticamente todas as plataformas de checagem de fatos listadas acima recebem sugestões do público, basta entrar no site e conferir o canal.
Lembre-se: você é responsável pelo que compartilha. As fake news são muito simples de serem criadas, mas podem ter consequências gravíssimas, como julgamentos prévios e injustos, agravamento de situações de saúde pública, manipulação de votos em eleições, entre outras. Tenha senso crítico e mantenha-se informado!